segunda-feira, 21 de outubro de 2013

23

não quero filhos
prefiro uma lareira,
uma parede de tijolos,
um maço e um livro

os personagens podem ter filhos
eles podem ter lareiras e até livros  
mas não devem fumar e, se fumarem, 
recomendo que não tenham filhos

eu não quero filhos
pra não ter que fumar só aos domingos

o papel branco já é uma baita responsabilidade!, 
é mais barato!, mais limpo!, silencioso!,
e não me deixa o cabelo branco!,

a relação custo x benefício me parece bem clara,
lógica como as camadas de uma lasanha. 

não quero filhos
prefiro uma lareira 
onde possa queimar os livros 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

22

Ornamental e solto
é o salto da sua sombra
na minha sobra

Eu salto
e minha sombra solta
e sobra no trampolim

Da mesma prancha,
você solta n'água
o que sobra da minha sobra:
MAS VOCÊ NÃO SALTA,
VOCÊ NÃO SOBRA.
VOCÊ SÓ SOLTA.

Eu não solto e sobro inteiro
e depois salto de cabeça
na gota que salta
do suor que sobra
da sombra que falta. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

21

olho pro lado,
não pra você, veja vem, 
mas pro lado. 

escolho não olhar pra frente,
não olhar pro lado que você não está
e escolho não fechar os olhos.

escolho olhar pro lado que,
por coincidência (!),
você está.

percebe?

olho pro lado, não pra você,
mas você está do meu lado!

percebe?

as coincidências são queridas, sacanas e existem.

você é tudo isso e existe,
mas olha pro outro lado.

percebe?

terça-feira, 1 de outubro de 2013

20

não tem tranquilidade que valha o desespero de te colocar no papel; qualquer palavra truncada, a vírgula trocada, é um amor, uma arma!, que aponto pro meio da tua testa, como se te oferecesse uma rosa-da-cor-da-tua-boca, que aponta para minha, mas, sem foco, erra a mira; aponto uma palavra pro meio da tua testa; atiro, te mato, você gosta, eu finjo.