segunda-feira, 30 de setembro de 2013

19

Dificulto o acesso
Porque sou 2+2
Banal, banana
Tão igual a 4
Soma sem graça
Como nota de 4

Quadrúpede ereto
Dificulto o acesso

Menina medrosa
De voz bem grossa:

Eu-destruo-o-acesso
Pra que você acesse
(isso é um convite)
(e rima com estalactite)

Sei ser espontâneo
Como uma banana

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

18

o grande problema é essa "vontade de ser feliz do seu lado" travestida dessa "certeza de que do meu lado você seria muito mais feliz": a vontade é vaidade, a certeza é mentira. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

17

te passo, páginas
sem ler tuas linhas
já sei teu tema
e não termina

mas se te terminas
e não te leio
permanece aberto
não cama que não deito

e se não terminas
e assim te deitas
é porque você não leu direito, porra

16

No espaço desse tempo
É por pouco que existo
2 olhos, 1 lápis, não insisto
Quero, mas já não tento

Desenho teu olho de lápis
Pra chamar sua atenção
Enfio o lápis no meu olho

Se culpa existisse,
Ela seria toda minha

PS: Um pingo de olho no papel se confunde com a farofa da borracha. Penso que deveria te comprar flores. Mas não tenho mais lápis pra escrever o bilhete.

domingo, 15 de setembro de 2013

15

um sopro eletrônico
num ouvido de carne

não tem som que supra
teu sopro sobre a carne

teu silêncio não supre
tuas super palavras,
que estão deitadas sobre
outra pele que te supre
mais que a minha sobre
a tua super carne.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

14

ti imaginu sem roupa
ou cum muito pouca
the weather is blue
mas dou zero clue
di qui eu nem tanto



13

precipito
qualquer
princípio

precipito
qualquer 
precipício

qualquer
princípio 
precipício 

precipício 
precipita 
qualquer

qualquer
princípio
precipita 

qualquer
precipito 
qualquer 
princípio
qualquer
precipício

me precipito
no princípio
de qualquer
precipício

me precipito
no precipício 
de qualquer
princípio

terça-feira, 10 de setembro de 2013

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

11

se vida fosse fácil de achar, eu perderia todas só pelo prazer de te procurar; mas nada é; então me beija pra sempre agora, diz que acabou, depois volta? 

domingo, 8 de setembro de 2013

10

vou me escrever sobre o que te vejo:
são duas portas verde-musgo,
um corredor magro-escuro
é claro que te vejo no fim verde disso. 
ele acaba quando você chega,

(você não me conhece no escuro).

o que se tem é o que se subtrai do desejo. 
e é triste o tudo que fora se joga,
mas fora nada é triste se te vejo.

09


uma blusa jeans me toca no ombro
tapa meus olhos com mãos sem dedos 
pede, com boca sem lábios, um beijo.
mas assim? sem cinema, vinho, sem lábios? 

ela me envolve nos braços de pano azul e,
em silêncio, me puxa pra fora do asfalto,
seu cheiro é aquele da pele da tua nuca. 
embora fosse só pano, tirou tudo que tinha.

eu nunca mais conseguir acordar. 

procuro nas mãos, dedos que nunca tive e
faço yoga nos lábios que nunca foram espelho.
o corpo que nunca conheci é aquele com quem 
quero me deitar enquanto não consigo acordar. 

de jeans, sem nada, te procuro fora dos dias 
sei que não saberei desabotoar teus botões, então
sonho te encontrar em algum sonho já sem camisa:
com dedos, lábios e aquele cheiro da pele da tua


08

o dia tá lindo. e mesmo assim meus sentidos buscam os teus, como se isso fizesse algum sentido.
não faz.
não faz sentido o sentido que você me faz.
se fosse chuva, te procuraria escorrendo pela janela, mas faz sol e então simplesmente não-faz.
seus olhos são grandes demais e preferia que isso não me fizesse tanto sentido.
mas nesse domingo de sol, sua boca fica ainda mais vermelha, e, desculpa, isso faz muito sentido.
faz sentido o sentido que você não me faz?

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

07



seguro tua cara numa memória e, 
nela, segura está qualquer palavra
que ainda não precisa ser escrita. 

DEVERIA SER MEU TUDO O QUE TE TORNA PALAVRAS MINHAS. 

DEVERIA SER MEU TUDO O QUE TE TORNA PALAVRAS MINHAS.

DEVERIA SER MEU TUDO O QUE TE TORNA PALAVRAS MINHAS.

mas não é seguro:
tua cara,
minha memória,
qualquer palavra.

tudo que não te digo,
não deveria mesmo ter sido dito.

tudo que te digo,
não deveria nunca ter sido dito.

O QUE DEVERIA TER SIDO DITO?

O QUE DEVERIA TER SIDO DITO?

O QUE DEVERIA TER SIDO DITO? 


Sou o ter sido dito. 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

06

não te conto; mas penso; penso como seria se fosse como penso; não te conto; mas conto nas horas os dias que não te conto o que penso.

05


que sorte tenho
por não ser da minha natureza
implorar por qualquer que seja

seria legal morar num trailer, deitar de tarde no verde e ter todo tempo pra me enfiar na tua natureza 

que sorte tenho
por não ser da minha natureza
implorar por qualquer que seja

que tal morar comigo num trailer?; deitar no verde de tarde e ter toda natureza pra me enfiar no teu tempo

que sorte tenho
por não ser da minha natureza
implorar por qualquer que seja

PELO AMOR DE DEUS, MORA COMIGO NUM TRAILER! EU CORTO A GRAMA, COLOCO A LOUÇA E LAVO A CAMA! 

04

não te conto; mas penso; penso como seria se fosse como penso; não te conto; mas conto nas horas os dias que não te conto o que penso.



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

03

quero te engolir; 
deglutir tua língua procurando a minha; 
esquadrinhar tuas papilas; 
mergulhar por tua goela abaixo; 
contar o que brilha no céu da tua boca; 
ficar melhor amigo das tuas bactérias; 
arrancar teus mais biológicos segredos; 
quero mergulhar (sem cueca) por tua goela abaixo; 
e me pendurar na tua úvula; 
nadar crawl no teu esôfago;
te conhecer de cabo ao rabo;
morder o lado esquerdo da tua bunda; 


só me interessa a sua violência

te engolir dos pés até a cabeça;
depois cafuné, tomar café;
ver amarelar teus trinta e dois dentes;
de manhã, amolar com calma teus caninos;
sentir o vermelho da tua mordida;
quero teus cabelos me prendendo no pé da sua cama;
teu pé amando meus ouvidos;
e tua saliva lavando minha orelha;
fechar os olhos e correr perigo. 





02


faz um frio fora do lado de 
e se não posso estar do de
não tem problema porque
me dou bem em qualquer
frio.

01

roubei uma página de um caderno de alguém que não conheço para escrever isso:

evito ir fora da Terra;
evito o seria;
o que é já.
evito o fundo do mar;
evito qualquer fundo,
o que tem lá, tem cá
e a superfície já.


odeio tudo que parece poema