quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

34


o segundo
pulou do relógio,
não sem razão:
era tedioso demais
a falta de imaginação
dos ponteiros.

se tratando
de círculo,
o segundo
é mais redondo
do que a volta
mais cuidada
do ponteiro
mais tirano

depois de inventar
prédio ponte país ponteiro puteiro poema pires
dados dedos dogmas dúzias dores deuses dildos
o homem olhou pro relógio:
pensou tempo demais no tempo
e pétalas de menos em flores.

castrado e castrador
agarrou aquele segundo fujão que,
besuntado de cuspe,
foi colado de volta no relógio que,
aliviado,
até terminou o dia antes do sol:
quem olhava o céu,
não percebeu,
quem olhava o relógio

... 

4 comentários:

  1. "Deixe-o ser, deixe ser, ser." Let it be!

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  2. É a primeira vez que visito seu blog e fiquei encantada , parabéns ..aqueles que se atrevem a serem poetas vê e tira da vida um olhar incansável e profundo para aquilo que outros desprezam...

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  3. "quem olhava o céu,
    não percebeu,
    quem olhava o relógio

    ... "

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  4. "quem olhava o céu,
    não percebeu,
    quem olhava o relógio

    ... "

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